Confrontos com a polícia marcam final da manifestação pela habitação em Lisboa

Lisboa - Milhares de manifestantes foram para a rua de várias cidades do país a lutar contra as políticas de habitação que estão a estrangular jovens e famílias. Vários protagonistas políticos juntaram-se.

Onde é que consigo arrendar uma casa com o meu salário?

A Polícia de Segurança Pública interveio com bastões e gás pimenta sobre manifestantes a protestar a crise da habitação em Lisboa depois de a marcha, largamente pacífica, ter culminado em alguns confrontos por volta das 19h35 depois de duas jovens serem detidas na Praça Martim Moniz. Às 20h20 a situação já tinha acalmado, avança a RTP.

Milhares de pessoas por todo o país responderam ao apelo das associações que subscrevem o manifesto que reivindica "uma casa digna para todas as pessoas". Além da capital, milhares marcharam no Porto, Viseu, Aveiro, Coimbra e Braga para pedir o direito a viver, com dignidade, nas cidades. "Queremos casas para viver" e "Casa é um direito" foram alguns dos slogans exibidos durante a tarde.

“Tanta gente sem casa, tanta casa sem gente”, lia-se num cartaz cor-de-rosa em Lisboa. A marcha saiu da Alameda, mas nos jardins também se juntavam multidões, com os participantes a cantar e a dançar enquanto reivindicam o “direito à cidade”.

Várias organizações marcaram presença. A associação de moradores dos bairros 6 de Maio, Santa Filomena e Estrela d’África chegou cedo, perto do meio-dia. Pediam o fim dos despejos e “o realojamento de todos”.

A líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, é uma dos líderes partidários que marcou presença na manifestação em Lisboa. "Temos dos salários mais baixos da Europa e das casas mais caras do mundo", afirmou, pedindo o fim de "benesses e benefícios fiscais" aos fundos imobiliários que "ganham mais com as casas vazias do que com gente lá dentro".

"É uma causa justa", defendeu, por seu lado, o líder do PCP, Paulo Raimundo, também em Lisboa, considerando que o pacote aprovado pelo Governo não "ataca a banca e os fundos imobiliários" e "não responde aos problemas das pessoas".

Confrontos com polícia

A marcha de Lisboa culminou na Praça Martim Moniz por volta das 19h10 onde foi montado um palco para ouvir testemunhos sobre as dificuldades de viver na capital. Os manifestantes começaram a dispersar por volta das 19h35, mas o Corpo de Intervenção da PSP foi chamado a intervir depois de confrontos entre os manifestantes perto do centro comercial do Martim Moniz. Segundo avança a RTP, as autoridades carregaram com bastões sobre os manifestantes. Em causa, esteve a detenção de pelo menos duas jovens. Várias motas da PSP foram vandalizadas. Às 20h20 a situação já tinha acalmado, embora as autoridades continuem no local.​

Os protestos ocorrem na mesma semana em que o Governo apresentou um pacote de medidas para a habitação. Entre as várias propostas que fazem parte do pacote apresentado pelo executivo destaca-se o maior investimento em arrendamento acessível, o reforço de cooperativas de habitação e a descidas nos impostos para quem tem casa arrendada.

Medidas que não convencem os signatários deste manifesto. "As medidas anunciadas pelo Governo não nos convencem. Contra a loucura das rendas e a falta de acesso à habitação, vamos lutar até que toda a gente tenha Casa Para Viver", pode ler-se online.

Já em Fevereiro, o movimento Vida Justa fez, no mesmo dia da manifestação dos professores organizada pelo STOP, uma marcha de protesto em defesa da habitação a preços acessíveis. Estimativas da organização indicaram que passaram na manifestação cerca de 10 mil pessoas, disse ao PÚBLICO Nuno Ramos de Almeida da organização.

Fonte: Público Pt

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