Luanda - O Centro Materno-Infantil Boa Vida, localizado no KM-12 B (vulgo bairro da Estalagem), está a desenvolver, há uns anos, um programa de recuperação de crianças desnutridas, uma iniciativa da Igreja Católica, em Viana.
Diariamente, naquele espaço acorrem dezenas de
famílias com crianças com problemas de desnutrição, para aderirem ao programa
de recuperação que é supervisionado por um grupo de especialistas.
Ngombo fez o mesmo sacrifício que Zita, ao abdicar do emprego para dedicar a vida inteiramente ao tratamento do filho. "Era trabalhadora doméstica, mas, agora, passo quase todo o dia no hospital. E tem sido bom recuperar a criança”, disse. Ao deixar o emprego, outras consequências se seguiram. Por exemplo, dificilmente consegue dinheiro para comprar leite, papas e outra alimentação adequada ao filho, ficando dependente do que a criança come no Centro Materno-Infantil Boa Vida, em Viana.
Cerca de 20 crianças por dia
"O nosso centro não tem espaço para internamento, por isso os casos mais graves são transferidos para os hospitais Geral de Luanda, Cajueiros e Américo Boavida”, disse, para acrescentar que "as crianças semi-internas passam o dia na instituição, com vista a certificarmo-nos de que estão a ser alimentadas”. Teresa Quibinda referiu que, geralmente, as mães chegam ao centro deprimidas, em função dos problemas que enfrentam nos lares. Por conta disso, esclareceu que "nós, aqui, não só atendemos as crianças, mas, também, fazemos o papel de psicólogas dessas mulheres”.
A enfermeira acrescentou que, após conversa com as mães, é notável o desenvolvimento da estrutura e circuitos cerebrais, bem como a aquisição de capacidades fundamentais das mulheres que permitem o aprimoramento de diversas habilidades.
Nutricionista pede maior colaboração dos homens
Em entrevista ao Jornal de Angola, a
nutricionista Maria Futi Tati apontou a fuga à paternidade e outros problemas
sociais, entre os quais o desemprego e a pobreza, como situações que contribuem
para que muitas crianças entrem nas estatísticas de desnutridas.
"Pedimos um maior envolvimento dos pais nos cuidados com os filhos, para que se possa evitar os casos de menores sem comida”, apelou. A médica realçou que outro grande factor tem a ver com mães solteiras, na sua maioria vendedoras ambulantes, que, ao passarem boa parte do dia na rua, não dispõem de tempo para alimentar em condições as crianças. A especialista, que fazia acompanhamento das crianças no Centro Boa Vida, realçou que os sinais mais comuns de uma criança desnutrida estão relacionados com febre, convulsões, diarreia líquida várias vezes ao dia, fraqueza, vómitos não controlados e falta de vontade da criança mamar. Apesar dos constrangimentos próprios de cada família, Maria Futi Tati aconselhou as mães com crianças desnutridas a optarem por uma alimentação equilibrada. "É necessário que as mulheres se informem sobre os alimentos nutritivos, pois, não se pode fazer um funje com óleo e pensar que alimentou a criança”, frisou.
Aposta em verduras
Fonte: JA