Benguela - Catorze meses após a
aprovação de um projecto para casas evolutivas a favor de famílias que serão
desalojadas, com o Presidente João Lourenço a incluir a componente emergencial
no ajuste directo, não há sinais de redes técnicas para água, energia e outros
serviços. Quase que conformados com o adeus a um bairro com mais de 35 anos de
existência, populares exigem explicações ao Governo Provincial, lembrando que
usufruem de água, electricidade, hospitais e escolas e que têm na pesca a fonte
de sobrevivência. Zona apontada para famílias que perdem casas no Matadouro, o
bairro que desaparece para uma estrada Praia Morena/Rio Cavaco tem apenas duas
casas inacabadas, as amostras para uma eventual urbanização.
Aparentemente sem as limitações
financeiras que deixam inoperantes empresas locais envolvidas no Programa
Integrado de Infra-estruturas Emergenciais de Benguela, a Omatapalo e a ASGC
seguem com a extensão da marginal da Praia Morena a um ritmo que satisfaz
munícipes à espera da ligação à foz do rio Cavaco, mas, em sentido contrário, a
agitar milhares de famílias que verão desaparecer o seu bairro para a
construção da estrada.
Levantamentos feitos pelo Novo
Jornal, numa jornada de trabalho em que abordou cidadãos que têm as casas
marcadas com X, o símbolo de demolição, indicam que a aflição é determinada por
"falta de informações" em relação ao local definido para o
realojamento.
O vice-governador provincial para
a esfera técnica e de infra-estruturas, Adilson Gonçalves, apontou a
"urbanização" à saída de Benguela em direcção à Baía Farta, ao lado
dos desalojados das Salinas, mas esta informação, segundo populares do
Matadouro, não chegou aos visados.
Eles dizem, aliás, que os
funcionários da Administração Municipal que levaram a cabo as marcações não
tinham respostas para esta pergunta.
"Chegaram e colocaram este X
nas paredes e portões", adiantou o jovem Isaac, acrescentando que
"nós vivemos, mal ou bem, numa zona com água, luz e ao lado de um hospital
geral".
Fonte: Novo jornal