A Embaixada dos Estados Unidos da
América lançou um alerta para avisar a comunidade norte-americana residente em
Angola dos protestos marcados para o próximo dia 17 de Junho contra o recente
aumento dos preços da gasolina, que "podem ocorrer em qualquer lugar de
Luanda".
Neste momento, não há um ponto
focal claro para o protesto. Os relatórios actuais afirmam apenas que os
activistas convocaram protestos em toda a cidade", avisa a embaixada num
comunicado.
A embaixada lembra os
acontecimentos no Huambo e no Namibe, onde aconteceram "protestos
semelhantes", que "resultaram recentemente em cinco mortes no Huambo
e uma no Namibe".
"Esteja ciente de que os
protestos podem ocorrer em qualquer lugar de Luanda", alerta o documento,
onde é aconselhado aos cidadãos norte-americanos residentes em Angola que
"evitem multidões, se mantenham discretos e não exibam sinais de riqueza,
como joias ou relógios caros, notifiquem amigos e familiares sobre o seu
paradeiro e segurança, tenham cuidado e limitem seus movimentos, revejam o seu
plano de segurança pessoal".
Activistas e membros da sociedade
civil angolana convocaram para 17 de Junho uma manifestação nacional para
protestar contra a subida dos preços do combustível, o fim da venda ambulante e
a proposta de lei das ONG.
Um manifesto que está a ser
divulgado na página de Facebook da organização cívica Mudei apela à
"solidariedade social" e à cidadania sob a forma de acções colectivas
para combater as "injustiças" que consideram estar a afectar várias classes.
"As zungueiras [vendedoras
ambulantes] estão impedidas de zungar, os taxistas não receberam a isenção
anunciada ao aumento do preço da gasolina (o que terá efeitos na vida de todos
nós), os professores e os médicos continuam sem ter resposta às suas reivindicações
de muitos anos, os profissionais da comunicação social sofrem censura e outros
tipos de pressão, os trabalhadores vão ser impedidos de exercitar o seu direito
à greve e mesmo os polícias e agentes da autoridade recebem ordens que os
colocam entre a espada e a parede, obrigados a violar o seu juramento de
defender a legalidade e a democracia, por medo de perderem os empregos",
lê-se no manifesto.
A mesma nota destaca a
"crise humanitária à escala nacional", apontando a
"omissão" do Estado angolano "que recorre à repressão e à
violação explícita de direitos fundamentais quando as vozes cidadãs se fazem
ouvir".
Em causa está também o novo
regulamento das Organizações Não Governamentais (ONG) que "para além de
inconstitucional, vai reprimir, asfixiar e, eventualmente, extinguir as
múltiplas organizações cívicas que, em Angola, trabalham onde o executivo se
demite das suas responsabilidades e obrigações", refere.
"Na falta de Estado, sejamos
sociedade: vamos à luta por todas e por todos, nas ruas, com buzinas, com
cartazes, com música, com paz, mas firmes na defesa dos nossos direitos",
apela o manifesto.