Luanda - A manifestação "pacífica" nacional deste
sábado, 17, convocada contra a subida dos preços da gasolina, o fim da venda
ambulante e a proposta de lei das Organizações Não-Governamentais, vai sair à
rua, faça chuva ou faça sol, com ou sem resposta oficial do Governo Provincial.
Quem o garante são os activistas e promotores dos protestos. Na capital,
sente-se alguma apreensão, com as pessoas a correr para os supermercados para
comprar víveres a fim de reforçar a despensa, verificou o Novo Jornal numa
ronda pela cidade. Entretanto, a Administração Municipal de Luanda fez sair um
comunicado em que informa que nos dias 16, 17 e 18 de Junho, das 9 às 15 horas,
tem em curso uma campanha de limpeza, poda de árvores, pintura de lancis e
árvores, nos sete distritos urbanos do município. A Polícia Nacional disse
estar "sempre pronta" para qualquer situação.
O activista Benedito Jeremias "Dito Dali", um dos
organizadores da manifestação anunciada para este sábado, em Luanda, disse que
os manifestantes estarão nas ruas a partir das 10:00, com concentração prevista
no Cemitério da Santa Ana, de onde seguem às 13:00 para o largo da Mutamba.
Quando à possível resposta do GPL sobre a manifestação, que
aguarda que os organizadores façam recepção do despacho, "Dito Dali"
diz que não é responsabilidade dos remetentes irem em busca da resposta do
governo da província, lembrando que a manifestação não carece de autorização do
GPL, segundo a Constituição da República de Angola, mas da participação, o que
foi feito pelos signatários.
"Segundo a Constituição é garantida a todos os cidadãos
a liberdade de manifestação pacífica e sem armas, sem necessidade de qualquer
autorização e nos termos da lei. É isso que vamos fazer", avançou, realçando
que protestos idênticos vão ocorrer também noutras províncias do País.
O Governo Provincial de Luanda recebeu, no dia 12, uma carta
informando sobre a realização, no sábado, de uma manifestação em Luanda e
salienta que solicitou aos subscritores que façam a recepção do despacho até
esta sexta-feira,16, informou ao Novo Jornal uma fonte do GPL, que não aceitou
avançar o conteúdo do despacho.
O Novo Jornal contactou o comando provincial de Luanda da
Polícia Nacional para esclarecimentos adicionais, mas este órgão de segurança
disse não ter pedido do Governo para o asseguramento de uma manifestação este
sábado.
"Não temos conhecimento nem nos pediram para fazermos o
asseguramento de uma manifestação. Portanto, vamos fazer o nosso trabalho de
polícia e manter a ordem", disse um oficial superior da PN com quem o Novo
Jornal conversou.
Segundo este oficial, que não aceitou ser identificado, a PN
tem conhecimento através das redes sociais da intenção da realização desta
manifestação. O efectivo disse também que "se o Estado não autorizou a sua
realização, esta não irá acontecer, caso autorize, irá ter asseguramento policial".
O activista Benedito Jeremias "Dito Dali" espera
que a polícia exerça o seu papel de proteger os manifestantes, pois entende que
os efectivos da PN também sentem o impacto das políticas públicas.