Cabinda - Os ativistas em Cabinda relatam que é cada vez
mais difícil realizar manifestações na província. E culpam a polícia. Ainda no
sábado, dia de protestos em Angola, a manifestação prevista para Cabinda não
chegou a sair.
O passado sábado (17.05), centenas de manifestantes foram
para as ruas em várias províncias para protestar contra o aumento do preço da
gasolina e do custo de vida. Mas a manifestação prevista para Cabinda não se
chegou a realizar. A polícia deteve três ativistas no local, que, mais tarde,
foram libertados.
Em declarações à DW, um deles, Clemente Cuilo, conta que,
pouco antes da hora marcada para a manifestação, a cidade de Cabinda já estava
toda "militarizada".
"Quando eram justamente nove horas, havia um aparato
policial nunca visto em Cabinda, com todo o tipo de polícia, armada até a ponta
da cabeça. Parecia que estávamos em estado de sítio", recorda.
Assim que chegou ao local da manifestação, o ativista diz
que nem teve tempo de começar a protestar. "Minutos depois, senti o
pescoço preso, pegaram-me pelas calças e fui arrastado até uma viatura da
polícia e de imediato levado até à esquadra do Ngomá"
"Armamento mercenário para travar ativistas"
A 17 de junho foram detidas cerca de cem pessoas, não só
durante como também antes dos protestos contra a subida do preço do
combustível. A polícia acusou os manifestantes de arruaça e desobediência.
Mas o ativista Geraldo Mfumu Buala olha com indignação para
estes argumentos. Buala era um dos organizadores do protesto a 17 de junho e
diz que, nesse dia, a sua casa foi cercada por agentes da polícia, supostamente
para o impedir de ir para a rua protestar.
"Em Cabinda vimos um armamento mercenário para travar
ativistas a saírem para se manifestarem", afirma.
Em Cabinda, o partido no poder em Angola, o MPLA, ficou em
segundo lugar nas eleições gerais do ano passado. Na província grassa a
insatisfação com as políticas do Governo de João Lourenço.
Os líderes das associações cívicas e de direitos humanos
locais entendem que a situação económica e social e de respeito aos direitos e
liberdades dos cidadãos se agrava dia após dia.