Cuanza Norte - Com o aumento da
fome no país, vários jovens e adolescentes do Cuanza Norte ganham a vida a
caçar ratos. Negócio chega a gerar 1500 kwanzas por dia. Sociólogo critica
políticas públicas.
A fome severa em Angola,
associada à pobreza extrema, está a obrigar jovens e adolescentes a caçar ratos
para consumo próprio e venda. O facto está a acontecer em várias localidades do
país.
Edmilson Pereira, que vive no
bairro Madeira, município de Kambambe, na província do Kwanza Norte, viu nesta
atividade uma oportunidade de negócio e uma forma "das crianças não se perderem
no mundo da droga", diz.
"Vi que quando metia
ratoeiras, nas várias matas, agarrava sempre ratos. Então chamei algumas
crianças e disse: vamos para o campo colocar várias ratoeiras. Vamos vender [os
ratos que caçarmos]. Mesmo se não vendermos, dão para a nossa
alimentação", contou à DW.
Edmilson Pereira recrutou 32
adolescentes para caçar ratos. Fuxi Gaspar é um deles. À DW conta que, com a
crise a apertar no país, caça os pequenos roedores para vender e também para
comer.
"Hoje apanhei sete ratos.
Devemos procurar no buraco onde eles habitam. Cavamos até nos ninhos de ratos.
Às vezes corremos mesmo perigo de vida", conta.
Segundo Fuxi Gaspar, os preços
variam consoante o tamanho.
"Cinco ratos pequenos são
500 kwanzas. Os ratos grandes são mais caros. Há dias que consigo 1000 ou 1500
kwanzas", explica o jovem, que acrescenta que, com o dinheiro que ganha,
compra roupa e calçado.
Joaquim de Sousa, que também vive
num dos bairros da periferia da velha cidade do Dondo, tem mais de cinquenta
ratoeiras. À DW, diz que aprendeu a caçar ratos com os amigos e a irmã
mais-velha. Sousa prefere caçar ratos com armadilhas e ratoeiras em vez de
cavar buracos.