Luanda - A falta de uma segunda via de acesso
ao distrito do Zango, no município de Viana, em Luanda, tem estado a causar
enormes embaraços aos moradores e automobilistas daquela zona, tudo porque a
única estrada que liga o Zango à Via Expressa Fidel Castro tornou-se
insuficiente para o número de viaturas que circulam naquela via.
Segundo os moradores e
automobilistas, quem pretender sair dos vários bairros do Zango tem de madrugar
para se fazer à única via de entrada e saída deste distrito, o que tem sido o
cenário de segunda a sábado.
Contam os moradores que os horários
de congestionamento do trânsito têm sido de segunda a sábado, das 4:30 às
10:00, no período da manhã, e das 16:00 às 20:00, no período da tarde e noite.
Quando se verifica um acidente na
via e as viaturas carecem de remoção ou o há um atropelamento mortal na
estrada, o trânsito automóvel é obrigado a ficar parado por muitas horas.
"Por favor venham colocar
uma segunda via de acesso, o Zango é tão grande e tem mais de 10 bairros
imensos e super habitados. Com apenas uma entrada não dá. Somos obrigados a
ficar três a quadro horas todos os dias no trânsito por falta de
alternativa", contou Paulo Domingos, morador do Zango 8000.
Mário Adão, funcionário público,
contou que por falta de alternativa e constantes constrangimentos, os taxistas
encurtam as rotas e os passageiros são obrigados a pagar por cada Zango.
"A viagem chega a custar
1.000 kwanzas, porque são muitas linhas curtas, mas como não temos alternativas
somos obrigados a pagar", lamentou.
Conforme os munícipes, é sonho de
todos os habitantes do Zango que este distrito tenha mais de uma via de acesso
para facilitar a circulação de veículos.
O Novo Jornal verificou que para
quem pretender sair do Zango nas primeiras horas do dia, o primeiro
constrangimento está no desvio do Zango II, junto às casas de chapa, e depois
na rotunda do Zango I.
No período da tarde, o primeiro
ponto de engarrafamento verifica-se na à entrada do Zango 0, sentido
Viana-Zango, até à rotunda do Zango I e depois nos Zangos II e III, em toda
extensão ascendente.
Quando há congestionamento do
trânsito na via principal do Zango, as viaturas de emergência, como ambulâncias
e as policiais, andam em sentido contrário por não terem outra alternativa.
"É complicado viver no Zango
nestas condições, porque se a única via estiver obstruída, não se pode
circular. Ou seja, ficamos presos no bairro e quem estiver fora não consegue
chegar", desabafou Maria Augusta, também moradora.
A única via de acesso, que
precisa de ser desafogada, que tem dificultado muito a mobilidade dos moradores
e automobilistas, liga a zona do Calumbo, Zango 8000, e o distrito urbano do
Zango à Via Expressa.
Governo arquitectou uma nova via
para o Zango, mas projecto ficou apenas no papel
No ano de 2021, o Governo
Provincial de Luanda, através da Unidade Técnica de Gestão de Saneamento de
Luanda (UTGSL), arquitectou uma nova via de acesso para o Zango, que era
previsto sair do Calumbo até à Via Expressa, mas não tal projecto continua no
papel.
"Há um estudo de mais uma
via de acesso ao distrito urbano do Zango. Estamos a falar do troço Via
Expressa/Calumbo e ao nível de drenagem há aqui um trabalho aturado que começou
a ser desenvolvido", disse na época a directora-geral da UTGSL, Zenilda do
Amaral Mandinga, em declarações ao programa "Angola em directo", da Rádio
Nacional de Angola (RNA).
A responsável pela UTGSL, na
ocasião, não avançou uma data para o início dos trabalhos, mas garantiu que
aquela zona de Viana ia ter uma nova via de acesso, que, segundo contou, estava
projectada para breve.
Entretanto, o Novo Jornal soube
na altura junto de uma fonte da área técnica da administração de Viana que a
nova via de acesso ao Zango vai beneficiar também os moradores do Kikuxi, Baía
e Viana- sede.
Ainda na mesma ocasião, 2021,
outra fonte do Ministério das Obras Públicas e Ordenamento do Território disse
ao Novo Jornal que a futura via de acesso ao distrito urbano do Zango sairá das
imediações do Resort Bantu, na Via Expressa Fidel Castro, ao Calumbo.
Em 2020, o então administrador
distrital do Zango, Euclides da Costa, assegurou em entrevista ao jornal
Economia & Mercado (E&M), que da parte das autoridades locais já foi
manifestada a necessidade de se abrirem mais duas vias para melhorar o acesso
dos cidadãos e atrair investidores para o distrito do Zango.
Volvidos dois anos, e sobre o
assunto, o Novo Jornal voltou a contactar as mesmas fontes, mas estas já não se
mostraram disponíveis.
Moradores do Zango ouvidos pelo
Novo Jornal contaram que não faz sentido até agora o Zango, um distrito muito
povoado, ter apenas uma única entrada e saída.
O Bairro do Zango ganhou
"fama" em 2006, após o Governo ter decidido retirar das barracas do
Miramar e zonas adjacentes os moradores em situação de risco, que, após
enxurradas, viam as casas a desabar com o deslizamento de terras, pondo em
risco a sua vida.
Devido à necessidade de alojar
mais população que habitava em várias áreas de risco em Luanda, o Executivo
criou mais zangos, o Zango II, III e IV, todos com o mesmo modelo.