Luanda - Sete ativistas estão detidos desde sábado,
em Luanda, depois de tentarem protestar contra as medidas que restringem a
circulação de mototaxistas. Os jovens estiveram sem comida e um terá sido
agredido na prisão.
Sete ativistas estão detidos
desde sábado (16.09) na sequência de um protesto contra as medidas restritivas
à circulação de mototáxis anunciadas pelo governo provincial de Luanda.
De acordo com o advogado Zola
Bambi, os ativistas são acusados de ofensas ao Presidente da República, João
Lourenço.
"Não sabemos porquê, mas
estão a ser indiciados de crimes de injúrias contra o Presidente da República.
Pelo que se sabe, foram detidos quando preparavam uma manifestação. É neste
contexto que podemos esclarecer que não foram ouvidos pelo Ministério Público.
Simplesmente foram cadastrados pela Direção de Investigação de Ilícitos Penais
(DIIP)", explica.
Zola Bambi informa que os
ativistas vão ser presentes a juiz de garantia esta terça-feira (19.09), para
determinar se continuam detidos.
Geraldo Dala foi preso com os
outros sete ativistas no sábado, mas escapou da polícia: "Eu não vou para
lá, têm de vir à minha procura. Dizem que nós ofendemos o Presidente, então que
haja provas", sublinha.
Segundo o ativista, os colegas
estiveram sem comer desde sábado. Os jovens não terão recebido comida preparada
pelos familiares, mas a situação foi ultrapassada, frisa o advogado Zola Bambi.
"Falámos com as pessoas que têm responsabilidade nesta área para que a
comida possa chegar em condições", afirmou.
Advogado denuncia agressão de
ativista
Zola Bambi denuncia que um dos
ativistas detidos, Adolfo Campos, terá sido agredido na prisão: "Ouvimos
dele que, durante a detenção, foi levado para uma sala, onde foi obrigado a
assinar declarações, que negou, e foi ameaçado com uma pistola dirigida à sua
cabeça."
Outro dos ativistas detidos no
sábado é Gilson da Silva Moreira, mais conhecido por "Tanaice
Neutro", que saiu da prisão recentemente, tendo sido condenado pelo crime
de ultraje ao Estado. Em declarações à DW, momentos antes da sua detenção, o
músico explicou que se juntou à manifestação por entender que as restrições à
circulação vão penalizar o cidadão comum, que beneficia da atividade dos
mototaxistas.
Para a ativista Laurinda Gouveia,
uma das coordenadoras da Escola de Direitos Humanos e Liderança Comunitária, a
detenção dos sete ativistas é um atentado aos direitos fundamentais dos
cidadãos.
"Estamos a entrar num estado
totalmente militarizado. Nós já sabemos que vivemos numa ditadura, mas o que [o
Presidente] João Lourenço está a mostrar à população é realmente a informação
que nós não podemos manifestar o nosso descontentamento", lamenta.
Não foi possível obter uma reação
oficial sobre as detenções dos ativistas.