Lunda Sul - Continuam detidos na
província da Lunda-Sul os mais de 200 cidadãos, entre os quais mulheres,
crianças e idosos, que há duas semanas foram recolhidos para as celas da
Polícia Nacional (PN) por, alegadamente, criaram desordem pública na cidade de
Saurimo após uma manifestação sobre as más-condições de vida na província,
soube o Novo Jornal junto de fontes policiais.
Os mais de 200 manifestantes, que
deveriam ser julgados sumariamente a semana passada, na cidade de Saurimo,
continuam detidos e à espera de julgamento.
Alguns familiares, alegam terem
dificuldades no acesso à informação sobre o estado de saúde do seu parente
detido e acusam a Polícia Nacional de criar tal dificuldade.
O Novo jornal apurou que o clima
de preocupação aumentou no seio dos familiares por não saberem ainda quando é
que será a data de julgamento dos seus parentes.
A Polícia Nacional em Saurimo
assegurou ao Novo Jornal que continuam detidos os manifestantes, mas que estão
à espera que as autoridades judiciais anunciem a data para que a polícia os leve
ao tribunal para julgamento.
"Continuam detidos, ainda
não há uma data para o julgamento dos mesmos, e continuamos a aguardar",
disse ao Novo Jornal uma fonte do comando provincial da Polícia Nacional na
Lunda-Sul, que solicitou anonimato.
O Novo Jornal soube junto de uma
fonte da Procuradoria-Geral da República (PGR) em Saurimo que os detidos
continuam a ser ouvidos pelos magistrados, e que os mesmos vão responder em processo
ordinário e não sumário.
"O processo está em fase de
interrogatório junto do Ministério Público (MP) que promove o mesmo para os
juízes de garantia que têm a aplicar as medidas de prisão preventiva",
explicou ao Novo Jornal a fonte do MP.
Conforme a PN, o grupo era
composto por homens, mulheres e várias crianças de ambos os sexos, que se
concentraram no bairro de Candembe, por volta das 05:30 de 08 de Outubro e
fizeram uma caminhada cujo destino era o centro da cidade, no sentido de
manifestarem a sua insatisfação com os problemas sociais e económicos que a
província tem vivido.
Segundo o comunicado de imprensa
que o gabinete de comunicação institucional e imprensa da delegação do
Ministério do Interior na Lunda-Sul, após os efectivos da polícia se
aperceberem da movimentação naquela zona, dirigiram-se ao local para interpelar
os munícipes, mas estes não aceitaram parar e surgiram os confrontos com as
forças policiais que reagiram igualmente aos ataques, fazendo recurso a gás
lacrimogéneo, balas de salva e bastões de borracha.