Luanda - O Juiz da comarca de
Luanda Tutti Antônio, que inicialmente recusou-se a aplicar uma condenação de
dois anos contra a influenciadora digital Neth Nahara, foi transferido para o
Tribunal de Cacuaco. Até recentemente, o magistrado fazia parte da 4ª secção da
comarca de Luanda.
A transferência do juiz foi
informalmente justificada por ele ter desobedecido a uma "ordem
superior" que o instruiu a condenar a cidadã Ana da Silva Miguel,
conhecida como Neth Nahara, a dois anos de prisão. Antes disso, ele havia sido
ameaçado com uma transferência para uma das províncias do país, mas essa
decisão foi atenuada, e ele foi colocado em Cacuaco.
Neth Nahara é uma influenciadora
digital de destaque que teria sido usada várias facções do regime angolano. Até
poucos meses atrás, ela estava nos Estados Unidos da América até ser contatada
pelo músico angolano Matias Damásio de Oliveira para uma alegada missão em
Angola.
Matias Damásio de Oliveira, que
agora está envolvido com o novo governo depois de ter rejeitado publicamente a
família Dos Santos, com quem tinha laços próximos, teria facilitado a logística
para que Neth Nahara retornasse a Luanda. Uma vez no país, a influenciadora
começou a prejudicar a imagem do general Higino Carneiro, considerado um dos
potenciais candidatos à liderança do MPLA no próximo congresso.
As acções de Neth contra o
general foram vistas como uma missão delegada a ela por outra facção do regime,
o que desagradou aos apoiadores de Higino Carneiro. O sistema judicial,
liderado pelo Juiz Presidente do Tribunal Supremo Joel Leonardo, que é muito próximo
de Higino Carneiro, tomou medidas legais contra Neth Nahara com base em um
vídeo em que ela aparece embriagada proferindo graves ofensas contra o
Presidente da República.
As autoridades judiciais a
levaram ao tribunal por injúria e ultraje contra o Chefe do Estado.
Inicialmente, o Juiz Tutti Antônio, que estava colocando na 4ª secção do
Tribunal de Comarca, a condenou a seis meses de prisão efetiva, recusando-se a
seguir as ordens superiores de aplicar uma sentença de dois anos.
Um mês depois, um juiz de
relação, Salomão Raimundo Kulanda, que trabalha no gabinete de Joel Leonardo,
foi designado (relator de um recurso do Ministerio Público) para retificar a
sentença anterior, aumentando a pena de Neth Nahara para dois anos de prisão.
CK