O Presidente do Quénia, William
Ruto convidou e João Lourenço aceitou o convite para uma visita de Estado de 48
horas àquele país da África oriental, para fortalecer as relações entre Luanda
e Nairobi, algo em que os dois países não investiam há muitos anos, e analisar
a situação nos Grandes Lagos, especialmente no leste da República Democrática
do Congo (RDC) onde ambos os países lideram os esforços regionais de
estabilização e procuram limpar e anular a presença dos guerrilheiros do M23.
Na agenda de João Lourenço a
Nairobi está o encontro com o seu homólogo e anfitrião, William Ruto, a partir
do qual Angola e Quénia pretendem criar a base para fortalecer as relações
comerciais e diplomáticas, nos pontos de maior interesse comum, como sejam, por
exemplo, o empenho no restabelecimento da estabilidade e paz no leste da RDC,
há vários anos posta em causa pelos rebeldes do M23, apoiados pelo Ruanda.
A Comunidade da África Oriental
(EAC), que tem como enviado para o conflito no leste congolês o ex-Presidente
do Quénia, Uhuru Kenyatta, e a Conferência Internacional para a Região dos
Grandes Lagos (CIRGL), liderada por João Lourenço, estão na linha da frente do
esforço internacional para libertar o leste da RDC da presença nefasta do M23,
uma situação escaldante que pode levar a uma guerra directa entre Kinshasa e
Kigali devido à já provada relação do Ruanda aos guerrilheiros do M23 que
atormentam a região.
O contingente militar que está no
leste da RDC é composto por militares de vários países da Africa Oriental e
Central e por forças angolanas, que, em conjunto, estão a conseguir manter a
estabilidade nesta complexa geografia, onde a exploração de recursos naturais,
como o ouro, coltão, cobalto e os diamantes geram a cobiça regional e estão no
cerce da instabilidade, como o leitor pode revisitar nos links em baixo nesta
página.
Entretanto, além deste tema
incontornável, visto que as regiões do Kivu Norte e Kivu Sul são palco das
acções desestabilizadoras do M23, também conhecido por Movimento 23 de Março, e
podem ser um rastilho para uma instabilidade mais alargada na RDC, face ao
aproximar das eleições Presidenciais, que devem ocorrer a 20 de Dezembro deste
ano, num contexto de forte perturbação social e política, onde a instabilidade
no leste do país pode ser o fósforo que acende o rastilho.
Oficialmente, o Presidente João
Lourenço tem em destaque, na sexta-feira, o prieiro dos dois dias desta visita
de Estado, a participação, com outros lideres africanos convidados, no Dia do
Herói Nacional, conhecido localmente por "Mashujaa Day", comemorado a
20 de Outubro e nele o país honra aqueles que lutaram pela independência do
Quénia.
No dia seguinte, Sábado, 21, o
Chefe de Estado angolano tem um encontro com William Ruto, no Palácio
Presidencial em Nairobi, antecedido de um momento protocolar de deposição de
uma coroa de flores no Mausóleo do pai da independência queniana, Jomo
Kenyatta.