A Comissão para a Implementação
do Plano de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos
(CIVICOP) entregou esta quarta-feira, 15, os restos mortais do general do
exército Eduardo Ernesto Gomes (Bakalof), vítima do conflito político em 27 de
Maio de 1977, 46 anos depois do seu desaparecimento físico.
Na sexta-feira, os restos mortais
serão inumados no Santana.
O ministro da Justiça e Direitos
Humanos, Marcy Lopes, disse que este é um passo "muito importante" em
memória da família que perdeu o seu ente querido.
"O trabalho vai continuar,
tendo em vista o processo de reconciliação nacional em curso no País",
acrescentou.
Sónia Eduardo, filha do general,
disse que depois de 46 anos, hoje foi possível receber os restos mortais do seu
pai.
"Hoje já é possível falar do
meu pai, algo que não acontecia. A minha irmã, que estava na barriga da minha
mãe, hoje tem 46 anos de idade e não conheceu o meu pai", lamentou.
O evento, de acordo com o
Ministério da Justiça e Direitos Humanos, "resulta de um trabalho
meticuloso, cientificamente rigoroso de recolha de amostras (sangue e saliva),
para testes de ADN, que foram cruzadas com os exames às ossadas da
vítima".
Refira-se que a CIVICOP já
entregou as ossadas de Nito Alves, Monstro Imortal, Sianouk e Ilídio Ramalhete,
esses ligados ao MPLA.
No que diz respeito à UNITA,
foram já entregues e inumadas as ossadas do antigo secretário-geral da UNITA,
Alicerces Mango, e do chefe da delegação deste partido na Comissão Conjunta,
Salupeto Pena.
O Executivo angolano prometeu a
construção do "Memorial às Vítimas dos Conflitos Políticos" com o
propósito de preservar a identidade e homenagear as pessoas envolvidas nestes
conflitos, de 1975 a 2002.
O Memorial vai ser edificado
entre as ruas "Dr. António Agostinho Neto" e a "Dack Doy",
na Praia do Bispo.
A parte externa do edifício vai
contar com uma árvore petrificada "Mulembeira", com 12 metros de
altura e de cor branca, simbolizando a paz , à semelhança dos espaços que são
encontrados nas aldeias, onde os mais velhos transmitem aos mais novos a sua
sabedoria sobre a resolução de conflitos.
O Memorial, que inicialmente
estava previsto ser construído na encosta da Boavista, foi deslocado para as
ruas "Dr. António Agostinho Neto" e "Dack Doy", na Praia do
Bispo, por orientação do Chefe de Estado.
Sobre o valor do custo da obra,
os últimos dados indicam que a empreitada do memorial às vítimas dos conflitos
políticos vai avançar, depois de a empresa Nova Jiangsu ter ganhado o concurso
público.
A obra, avaliada em 17, 2 mil
milhões de kwanzas (33,8 milhões de dólares), vai ser fiscalizada pela
DAR-Angola, que cobrará 508, 4 mil dólares.