Luanda - Os partidos políticos da oposição em Angola
acompanham com "muita preocupação" o vandalismo de bens públicos que
ocorre com muita frequência em todo o território nacional, e pedem ao Executivo
que tome medidas "urgentemente" para combater esta prática.
De acordo com a oposição, tais
práticas colocam em risco os investimentos que o Governo tem feito para a
melhoria da qualidade de vida das populações.
Para o segundo vice-presidente da
segunda comissão de Defesa, Segurança e Ordena Interna da Assembleia Nacional
pela UNITA, Joaquim Nafóia, o aumento da taxa de desemprego, a criação de
empregos instáveis e a precariedade existentes no mercado de trabalho constituem
um dos problemas económicos e sociais mais graves da actualidade e que está
contribuir para o vandalismo do património público.
"O vandalismo é um fenómeno
que tem crescido bastante em Angola, constituindo um enorme desafio à ordem
pública. A miséria, a fome e a desigualdade social são, entre outras situações,
o que está provocar este fenómeno", acrescentou.
Na sua opinião, o vandalismo
constitui um problema actual, cujo debate público deve ser inserido como
resposta das autoridades governamentais para resolverem os problemas diante de
inúmeros prejuízos causados.
"Hoje, em Angola, os únicos
empregos são na Polícia Nacional, FAA, Educação, Saúde e nos outros sectores o
Executivo não cria condições para a criação de empregos", lamentou,
aconselhando o Executivo a tomar medidas "urgentes" para desactivar
redes devidamente organizadas, que se dedicam à vandalização de bens públicos
com finalidades distintas.
"Hoje o Estado mostra-se
completamente ineficiente para fornecer à sociedade angolana aquilo que é
constitucionalmente assegurado: emprego, saúde, educação, segurança pública,
através de políticas sociais adequadas e eficientes para os menos favorecidos e
a sociedade em geral", concluiu.
O PRS, na voz do
secretário-geral, Rui Malopa Miguel, condena o vandalismo de bens público e
exorta o Governo a resolver os problemas do povo.
"Os crimes de vandalização
de bens públicos devem ter um tratamento mais célere. O envolvimento da
sociedade, em geral, para que se alcancem os objectivos desejados, através da
denúncia dos praticantes desses actos deve ser encorajado", disse.
"O fenómeno que se regista
de forma crescente em todo território nacional, sobretudo o roubo de cabos
eléctricos, de equipamentos hospitalares e das instituições escolares, entre
outros, é grave", acrescentou, salientando que há informações de que a
vandalização de bens públicos tem mãos de estrangeiros que pretendem desestabilizar
a economia do País.
O presidente da CASA-CE, Manuel
Fernandes, disse que a onda de vandalização de bens públicos carece de uma
profunda reflexão envolvendo vários segmentos da sociedade.
"É comum o cidadão
deparar-se, em diversos pontos do País, com a destruição do património público,
em geral cometido por vândalos. A acção causa, além de prejuízos financeiros, a
geração de riscos para as pessoas", referiu, pedindo ao Executivo a criação
de condições de emprego.
Refira-se que neste fim-de-semana
o ministro de Estado e Chefe da Casa Militar do Presidente da República,
Francisco Furtado, considerou como acto de "terrorismo" a
vandalização de torres de alta tensão de 400 quilovolt (kV) da linha de
transporte Cambambe (Kuanza Norte)-a subestação de Viana (Luanda).
Na passada terça-feira,
registou-se a queda uma torre de alta tensão de 400 quilovolt (kV) na linha
Cambambe (Kuanza Norte) - Viana (Luanda) como resultado da vandalização que a
infra-estrutura foi sofrendo nas últimas semanas, através da subtracção das cantoneiras
(os seus alicerces).
À semelhança da linha de
transporte Cambambe-Viana, a zona do quilómetro (Km) 36 é caracterizada por
constantes acções de vandalismo aos activos da Rede Nacional de Transporte de
Electricidade (RNT), prejudicando o bem-estar das populações e do Estado.
Francisco Furtado, que falava à
imprensa no quadro das comemorações do 48º aniversário da Independência
Nacional, considera que se trata de "acções dirigidas de sabotagem que têm
de se enquadrar no âmbito do terrorismo".
O ministro frisou que as Forças
de Segurança e Defesa Nacional "vão promover um combate cerrado para
neutralizar os grupos que estão a criar situações para a instabilidade, a fim
de inviabilizar o desenvolvimento do país".
De acordo com o ministro, existem
indícios que estão a ser acompanhados e deverão ser apresentados oportunamente.