O activista Adolfo Campos, membro
do Movimento Revolucionário (MR), enfrenta há 12 anos, um regime tido como
repressivo, não democrático transvestido numa capa da Constituição da República
de Angola (CRA), aprovada em Fevereiro de 2010.
Entrou no mundo do activismo no
dia 7 de Março de 2011, com o surgimento na altura do movimento que ficou
conhecido por “Primavera Árabe”, onde alguns regimes não democráticos teriam
sido derrubados.
Adolfo Campos faz parte dos
quatro activistas, que em Setembro deste ano, foram condenados pelo Tribunal
Provincial de Luanda, a dois anos e cinco meses de prisão, na sequência de uma
tentativa de manifestação, em Luanda.
Com ele foram sentenciados
Tanaice Neutro, Gildo das Ruas e Daniel Pensador, por terem participado do
protesto contra restrições a mototaxistas.
Adolfo Campos, como disse em
2015, o país se confunde com um Governo, um regime e um partido/Estado, num
exercício de simbiose cultivado durante décadas. Talvez o indicador mais
ilustrativo seja a própria bandeira: a do país partilha as mesmas cores que a
do partido, fazendo com que só um olhar mais conhecedor consiga fazer a
destrinça.
Deste ponto de vista, dizia o
activista preso há mais de dois meses, “tanto quanto sei, Angola é um caso raro
no contexto mundial, onde, normalmente, a nível partidário, se observa uma
distância e se evita uma apropriação cromática dos símbolos de representação
nacional”.
Reconheceu que lida com um
sistema não tolerante às vozes contrárias, daí a perseguição, detenção,
tortura, mortes de activistas e de outras pessoas pelo facto de se manifestarem
críticas ao partido no poder e ao governo que o suporta, à semelhança do que
ocorreu no “27 de Maio de 1977”.
Para além da longa lista de
executados, presos, torturados e desaparecidos, o evento do “27 de Maio” também
teve o condão de “exiliar” o pensamento revolucionário do MPLA, estruturando o
partido restante em torno de uma “ditadura do povo”, impondo deste modo o medo
no seio da população.
Em novembro de 2011, Adolfo
Campos foi detido pelos efectivos da Polícia Nacional quando participava na
panfletagem que era feita por membros da CASA-CE.
O activista esteve entre os
presos, julgados e condenados na sequência da manifestação do dia 3 de Setembro
igualmente em 2011 e foi detido outras tantas vezes, pelo mesmo motivo, sendo
um dos jovens contestatários ao regime angolano mais activos. O.D