Quando o MPLA, a maior força política angolana, no poder desde a
independência, em 1975, se prepara para comemorar 67 anos de vida, o seu
secretário para a informação do Bureau Político veio a público garantir que o
partido "está unido", confiante na vitória em 2027 e sem quaisquer
problemas com os filhos do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, mas Rui
Falcão admitiu que possam existir questões sobre o comportamento de
"alguns militantes".
OMPLA poderá "eventualmente,
ter problemas em relação ao comportamento de alguns militantes ou ex-militantes
seus", disse, citado pela Lusa, Rui Falcão em declarações aos jornalistas
no âmbito das celebrações dos 67 anos da fundação do partido, assinalados em 10
de dezembro.
Rui Falcão disse que o MPLA é um
partido unido, que convive com opiniões diferentes, desconhecendo a existência
interna de "abelhas ou marimbondos", imagem associada aos políticos
envolvidos em corrupção.
"Todos nós no MPLA somos
militantes iguais perante aos estatutos e todos nós temos regras iguais para
cumprir", disse, ainda citado pela Lusa, o secretário para a Informação do
Bureau Político do partido, Rui Falcão, quando questionado sobre as filhas do
ex-presidente angolano, José Eduardo dos Santos.
"Se somos filhos destes ou
daquele aqui não há escudo, aqui cada um vale por si e só o comportamento é que
determina o maior ou menor engajamento seu com os demais militantes, não temos
esse tipo de problema e nunca analisamos isso", frisou o responsável do
Movimento Popular de Libertação de Angola.
Isabel dos Santos, envolvida em
vários processos judiciais e Welwítschia "Tchizé" dos Santos, filhas
do antigo líder do partido e ex-presidente, José Eduardo dos Santos, dizem-se
perseguidas pela atual liderança do país e têm expressado descontentamento
público face às ações do Governo e do partido, sobretudo no âmbito do combate à
corrupção.
Falando aos jornalistas, no âmbito
das celebrações dos 67 anos de fundação do MPLA, assinalados em 10 de dezembro,
Rui Falcão disse que o MPLA é um partido unido, que convive com opiniões
diferentes, desconhecendo a existência interna de "abelhas ou
marimbondos", imagem associada aos políticos envolvidos em corrupção.
"Somos um partido unido, um
partido democrático, onde as pessoas têm a liberdade de ter opiniões diferentes
e nós já estamos habituados a conviver com isso e não há nenhum laivo hoje de
falta de unidade ou de coesão no seio do partido", assegurou.
Sobre o alegado desgaste do
partido para a resolução dos problemas do país, argumento de vários círculos da
sociedade civil e de partidos na oposição, Falcão disse já estarem habituados a
esta "retórica", que apenas "fortalece o MPLA".
"Ainda bem que há esta
retórica de alguns, porque foi assim que perderam (as eleições) em 1992,
perderam em 2008, em 2012, em 2017, perderam em 2022 e vão perder em
2027", assegurou referindo-se implicitamente à UNITA, maior partido na
oposição.
Em relação ao atual quadro
socioeconómico das famílias angolanas, marcado pela subida galopante dos
produtos da cesta básica, o dirigente do MPLA disse que o partido está
preocupado com a situação, referindo que as medidas do executivo, "a seu
tempo" vão sentir-se, e que "não há nenhum país do mundo que viva no
paraíso".
"Nos Estados Unidos da
América vai encontrar cidadãos debaixo da ponte, agora mesmo foi dito que em
Portugal há 10.000 famílias a viver na rua, portanto, cada país tem a sua
idiossincrasia, seus problemas e realidade, mas ninguém vive no paraíso",
argumentou.
Apontou ainda a existência de
jornais, rádios e televisões privadas em Angola para refutar a aludida
inexistência de liberdade de imprensa e de expressão no país, considerando
existirem casos que não devem ser generalizados.
"Não podemos generalizar
atos isolados de um agente qualquer, agora que nós temos coisas para corrigir
enquanto sociedade, isso temos, mas aqui se um polícia tem uma atitude
incorreta lê-se de uma maneira, gostaria de ver os mesmos órgãos a falar do que
acontece em França, na Inglaterra, em Espanha ou lá o cacete é
diferente?", questionou, referindo-se às liberdades de reunião e de
manifestação. NV