“A questão do IVA e do IRT não vai ter impacto na vida das pessoas”, diz activista Jeiel de Freitas

 


No último debate na Rádio Eclésia, o activista Jeiel de Freitas partilhou suas análises e perspectivas para o ano de 2024, destacando desafios e ao propor soluções para a realidade económica e social em Angola, e especial a província do Huambo.

Jeiel de Freitas começou a falar sobre o consenso entre os políticos, tanto no poder quanto na oposição, de que 2024 será um ano difícil. Ele contextualizou sua análise com os discursos do presidente da República e da governadora provincial do Huambo, as declarações não provocaram surpresa, dado o contexto previamente estabelecido pelo relatório do Instituto Nacional de Estatística (INE), que prevê um aumento da pobreza entre os angolanos até 2027. Os discursos reflectem a situação económica actual, apontando para um crescimento projectado, porém sujeito a factores externos, como salientado pelo doutor Ismael.

É perceptível que as projeções económicas para Angola, muitas vezes imprecisas, consistentemente indicam um crescimento na faixa de 2, 3% a 4%. Embora em alguns anos tenham sido feitas previsões optimistas de até 6%, a realidade tem sido marcada por períodos de recessão económica, resultando em um crescimento eoconómico efectivo que dificilmente ultrapassa a marca de zero ponto. Nesse contexto, é essencial considerar os desafios externos que impactam directamente o desempenho económico do país, o que instiga uma análise mais cautelosa das expectativas futuras. Disse

Outra análise de Freitas, está no contexto económico, destaca-se a evidente falta de diversificação como um factor crítico para a influência dos elementos externos na realidade financeira. A economia angolana permanece fortemente vinculada ao petróleo, tornando o país suscetível às decisões do mercado petrolífero global, onde a regulação não está sob controle directo de Angola.

Quanto à possibilidade de uma estratégica saída de Angola da OPEP, paira uma dose de ceticismo sobre essa movimentação política. A especulação inclui a suposição de que a decisão pode estar a ser influenciada pelos EUA, emergindo como um novo parceiro atrativo para Angola. A incerteza reside em saber se essa mudança resultará em uma produção de petróleo mais expressiva, traduzindo-se em ganhos financeiros substanciais. Contudo, a necessidade de uma gestão racional dos recursos é incontestável, particularmente diante de estudos que apontam datas prospectivas para o esgotamento do recurso petrolífero angolano. Cético

É importante reconhecer que, ao contrário do que alguns possam pensar, os recursos petrolíferos não são inesgotáveis, sendo essa uma realidade que se aplica a todos os países do mundo. Estudos indicam limites na exploração petrolífera, destacando a necessidade premente de uma gestão cautelosa desses recursos. O exemplo do Dubai, que fez a transição das receitas petrolíferas para aquelas provenientes do turismo, serve como um lembrete claro dessa realidade. Atualmente, o Dubai depende mais das receitas do turismo do que das receitas petrolíferas, reconhecendo a finitude dos recursos petrolíferos e antecipando-se à necessidade de diversificação econômica.

Na análise do Orçamento Geral do Estado (OGE) para a província do Huambo, observa-se uma reflexão sobre a execução efetiva das verbas, não apenas no contexto geral, mas especialmente no âmbito local. Ao longo dos anos, nota-se uma discrepância entre as obras planejadas e sua efetiva realização. Embora seja comum que nenhum país alcance uma execução orçamental de 100%, o Huambo, como muitos outros, continua a operar abaixo desse índice. A indisponibilidade de verbas até junho cria um cenário em que as execuções ocorrem com limitado tempo antes do encerramento do período orçamental, resultando, muitas vezes, em uma utilização parcial dos recursos alocados.

No momento presente, em janeiro, persistem pendências de pagamentos do orçamento anterior em várias instituições públicas. As instituições de saúde, embora ágeis nos pagamentos, ainda têm valores pendentes referentes a novembro e dezembro. Além disso, as receitas administrativas, geralmente mais demoradas, ainda aguardam o processamento de seus pagamentos.

No diálogo sobre o possível impacto de inaugurações de obras no Huambo, há uma expectativa de que o ano de 2024 possa trazer melhorias, especialmente para a juventude. No entanto, ressalta-se a demora na conclusão de projetos significativos, como o Centro Cultural, que está em execução há quase uma década. A gestão eficaz dessas estruturas é considerada mais crucial do que sua própria existência.

O foco na gestão transparente e imparcial do corpo gestor é mencionado, destacando a importância de concursos públicos claros para garantir uma seleção justa e competente. O apelo é feito para que as políticas definidas pelo partido vencedor das eleições sejam avaliadas e cobradas em caso de falhas, reforçando a necessidade de responsabilidade.

A questão do uso de infraestruturas esportivas, como pavilhões, também é abordada. Enfatiza-se a importância de priorizar atividades esportivas em detrimento de outras utilizações não previstas, destacando a necessidade de uma gestão racional e livre de influências político-partidárias. O apelo para a participação ativa da juventude na definição e exploração desses espaços é evidente, ressaltando a importância de iniciar esse diálogo agora para evitar críticas futuras.

Em uma recente conversa com vendedoras próximas ao Hospital Municipal do Cambiote, o activista Jeiel de Freitas expressou sua preocupação em relacção às medidas consideradas paliativas de redução de impostos, que tais acções podem não ter um impacto significativo na vida da população.

Jeiel de Freitas abordou especificamente as mudanças propostas no Imposto sobre Valor Acrescido (IVA) e no Imposto sobre o Rendimento do Trabalho (IRT). Lamentou que a redução do IVA de 14% para 5% não trará alívio suficiente para as dificuldades enfrentadas pela população. Além disso, destacou que a isenção do IRT para salários até 100 mil kwanzas pode não ter um efeito substancial, já que muitos profissionais, incluindo professores técnicos médios e enfermeiros, recebem acima desse limite, continuando assim a pagar o imposto.

A natureza do IVA, sendo um imposto sobre o valor acrescido, pode não resultar na redução dos preços dos produtos. Em sua experiência ao visitar uma loja de destaque na província, Jeiel de Freitas partilhou uma conversa com um comerciante estrangeiro que explicou a iminente actualização de preços em janeiro devido à alta do câmbio e ao aumento nos custos de aquisição de mercadorias.

Para Jeiel de Freitas, as medidas paliativas, como a redução do IVA e a isenção do IRT, podem não abordar eficazmente as questões económicas. Enfatizou a necessidade de focar em ações que tenham um impacto mais substancial na vida das pessoas, como abordar as altas taxas de câmbio que afectam directamente o custo de vida. O activista concluiu ao ressaltar a importância de medidas económicas mais abrangentes para enfrentar os desafios que a população enfrenta na província do Huambo em 2024. Hold On  Angola

 

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