A vida dos angolanos será mais difícil em 2024?

 


A oposição angolana traça um cenário difícil para a vida da população neste novo ano. A UNITA diz que o poder de compra poderá degradar-se por falta de investimento público em setores prioritários como a agricultura.

2024 em Angola será um ano ainda mais difícil que 2023, prevê a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA). O maior partido da oposição angolana acredita que este ano a dependência do petróleo será ainda maior e a dívida pública insustentável. E irão também agravar-se as condições de vida das famílias angolanas, cada vez mais pobres.

Em entrevista à DW África, o deputado da UNITA Nuno Dala critica a má gestão do erário público e sugere mudanças na forma como os recursos do Estado são geridos. Defende também mais investimentos na saúde, na educação e na agricultura.

Qual é o cenário que a UNITA traça para 2024 em Angola?

Infelizmente, o grupo parlamentar da UNITA não só com base em dados que resultam de estudos feitos pelos seus assessores económicos, mas também se baseando em dados que resultam de estudos realizados por instituições de investigação social, como é o caso, por exemplo, do Centro de Estudos de Investigação Científica da Universidade Católica da Angola e outras instituições, prevê para 2024 um ano muito mais difícil do que 2023, porque, primeiro, vamos continuar a ter o problema da má gestão de dinheiro.

Segundo, continuaremos com uma petrodependência brutal, maior ainda e, em terceiro, vamos continuar com o esforço de pagamento das dívidas do país com credores - estou a falar de outros Estados - a uma proporção ainda mais brutal. Essas e outras razões evidentemente vão fazer de 2024 um ano mais difícil do que 2023.

Acha que em 2024 o cenário vai piorar, com a vida das famílias mais difícil, o desemprego a aumentar e o preço da gasolina a subir?

Evidentemente, remete-nos para a necessidade de ser feita uma reforma na forma como os recursos financeiros do Estado são geridos e, obviamente, que se melhorem as prioridades da governação que, como disse, não coincidem com a visão do grupo parlamentar da UNITA tem a respeito. Há setores da vida nacional que devem merecer prioridade em termos de investimento público.

Os setores da saúde e da educação serão presumivelmente as prioridades da UNITA

Saúde, educação, ciência, agricultura e obviamente a diversificação da economia. A agricultura nem sequer recebe 2% do Orçamento Geral do Estado no ano referência. Significa que o investimento na agricultura em 2024 vai ser ainda menor do que em 2023, que foi de 1,92%. Em 2024, será de 1,8%. Portanto, significa que haverá um decréscimo no investimento de um setor que é fundamental para inclusive combater a fome e obviamente viabilizar uma estratégia melhor de ajudar as famílias a empoderar-se e, dessa forma, acabarem por ver nisso uma mola impulsionadora para sair dessa situação de pobreza em que se encontram.

 

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