Remoção de estátuas de matriz colonial gera polémica

 


Huambo - Na província do Huambo, o governo local removeu as estátuas de Norton de Matos, fundador da cidade, e do seu arquiteto, Vicente Ferreira. A decisão é vista como uma tentativa de se apagar a memória histórica do Huambo.



A decisão já foi tomada e as estátuas do general Norton de Matos, fundador da cidade do Huambo, e do seu arquiteto, Vicente Ferreira, já foram removidas da zona adjacente ao local onde será erguido o futuro Centro Cultural do Huambo, para o Museu Regional do Huambo.  A decisão foi justificada com o facto das figuras não fazerem parte da matriz cultural local, ovimbundu.

A decisão unilateral do executivo local está ser alvo de várias interpretações e apreciações por parte da opinião pública, local. Para o professor Abraão Messamessa as explicações avançadas pelo gabinete provincial da cultura e juventude e desportos são paradoxas e não fazem sentido.

"Nós não podemos fugir a nossa história, não podemos fugir da nossa realidade histórico-cultural. Quer queiramos, quer não, nós estamos ligados ao povo português por uma questão histórica”, afirma.

"Queiramos ou não, essa figura está ligada a nossa história"

As explicações dadas pelo diretor provincial da cultura, juventude e desportos do Huambo, Jeremias da Piedade, segundo as quais, a recolha das estátuas para o museu regional do Huambo está associada ao facto das figuras não fazerem parte da matriz cultural local ovimbundu mereceu igualmente uma observação do historiador e docente universitário Venceslau Casese.

Queiramos ou não, essa figura está ligada a nossa história, a história do Huambo. Não faz parte de facto do grupo étno-linguístico ovimbundu, mas, em termos de evolução e desenvolvimento urbanístico, portanto, a figura de Norton de Matos, entra na história dos Ovimbundu”, argumenta.

A decisão foi comunicada em dezembro de 2023, durante uma reunião do executivo provincial. Para o docente Abraão Messamessa, uma decisão desta índole carece de uma maior legitimidade: "Nós, sociedade civil, condenamos veementemente porque não somos ouvidos. Já não é mais tempo das pessoas traçarem diretrizes a partir de gabinetes e virem impor a uma comunidade como o huambo, uma comunidade histórica”.

Venceslau Casese espera que a transferência das estátuas para o Museu Regional do Huambo venha a contribuir para uma maior visibilidade da instituição: "Acredito que, os tratamentos a posteriores darão maior dignidade a figura de Norton de Matos".

 

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