Luanda - No passado dia 24 de agosto, Angola celebrou o segundo aniversário das eleições gerais de 2022, mas com um sentimento generalizado de desilusão. A UNITA, principal partido da oposição, aproveitou a data para apresentar preocupações sobre o atual estado do país, com destaque para a deterioração das condições de vida e das instituições democráticas.
Durante uma conferência de imprensa, representantes da UNITA voltaram a destacar as razões que levaram o partido a pedir a destituição do Presidente da República no início do atual ciclo legislativo. Entre as alegações apresentadas estão múltiplas violações à Constituição da República de Angola (CRA) e práticas que incentivam a corrupção, afetando o desenvolvimento do país.
A UNITA critica a postura das instituições públicas, acusando-as de se preocuparem mais com a manutenção do poder do que com o respeito aos princípios democráticos. A repressão de manifestações pacíficas e a censura da imprensa estatal foram apontadas como exemplos de violações contínuas à CRA. O partido denunciou ainda o uso dos meios de comunicação social estatais para promover uma agenda partidária, sem espaço para a oposição.
Além disso, a UNITA expressou preocupações com o início do ano letivo 2024-2025, apontando que milhões de crianças continuarão sem acesso à educação devido à falta de infraestrutura e professores. A saúde também foi tema central, com críticas à insuficiência de investimentos no sistema de saúde, levando muitos angolanos a buscarem assistência médica no exterior.
A conferência coincidiu com a proximidade do 50º aniversário da Independência de Angola, ocasião em que o partido questiona o impacto real da governação do MPLA, partido no poder há 49 anos, e, em particular, a gestão do atual presidente. A UNITA exige que os direitos constitucionais dos angolanos sejam respeitados, apelando a um diálogo abrangente para enfrentar a crise que o país atravessa e para retomar a esperança em reformas profundas, como as eleições autárquicas.
Para a UNITA, sem um verdadeiro compromisso com a democracia e o Estado de Direito, o desenvolvimento almejado por todos os angolanos continuará distante.