Diamantes: Tarifas de Trump Afectam Mercado Global e Angola é um dos Países Mais Expostos

 



O impacto das tarifas impostas pelos Estados Unidos está a gerar um clima de incerteza no mercado global de diamantes, que já enfrentava uma crise há meses. A indústria diamantífera em Angola, que tem demonstrado crescimento significativo, é uma das mais afetadas.

Em 2024, a ENDIAMA, empresa pública responsável pela exploração de diamantes no país, arrecadou cerca de 1,4 mil milhões de dólares. Isso ocorre em um contexto de crescimento excepcional na produção, com 14 milhões de quilates extraídos no ano anterior, apesar de uma queda nas receitas em relação a 2023, quando a produção foi de 9,5 milhões de quilates, mas com uma arrecadação de 1,5 mil milhões de dólares.

A crise no mercado diamantífero global, já sinalizada pela ENDIAMA em janeiro de 2024, foi agravada pela imposição das tarifas de Trump. O presidente do Conselho de Administração da ENDIAMA, Ganga Júnior, descreveu a situação como negativa e destacou que, com o impacto das novas tarifas, o cenário pode piorar. O site especializado Rapaport comparou a situação à turbulência causada pela pandemia da Covid-19, em 2020.

Entre os efeitos mais significativos está o impacto sobre a Índia, maior processadora de diamantes do mundo, que detém 90% do mercado global de polidos. As tarifas de 27% impostas aos diamantes indianos, que são exportados principalmente para os Estados Unidos, estão a gerar desconfiança no setor. Os Estados Unidos são o segundo maior importador de diamantes, o que pode resultar em uma queda nas vendas.

Para tentar mitigar os efeitos das tarifas, comerciantes e industriais norte-americanos estão redirecionando seus negócios para outros mercados, como Hong Kong e Dubai. No entanto, analistas alertam que, se as tarifas não forem revistas, a situação poderá evoluir para uma crise mais profunda no setor.

Angola, que tem experimentado um crescimento constante na produção de diamantes, é um dos países mais expostos a esse cenário. Com novos projetos em andamento, as perspectivas de aumento na produção são altas. Em janeiro, o PCA da ENDIAMA afirmou que a produção média nos últimos anos era de 9,5 milhões de quilates, mas, excepcionalmente, em 2023, o país atingiu 14 milhões de quilates, sem, no entanto, ver um aumento significativo nas receitas.

Em 2024, os preços dos diamantes angolanos ficaram 55% abaixo do que havia sido planejado, o que impactou negativamente as receitas. Apesar disso, a ENDIAMA tem cumprido seus compromissos administrativos e sociais. O subsector diamantífero em Angola gerou mais de 28 mil postos de trabalho em 2024, e a previsão é que esse número aumente para 35 mil até 2027.

Apesar das dificuldades, a ENDIAMA ainda mantém a meta de arrecadar mais de 2 mil milhões de dólares para os cofres do Estado em 2025. No entanto, o cenário atual exige cautela, e a empresa pode precisar revisar suas previsões à luz das mudanças no mercado global.

Fonte: Novo Jornal

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